Anarquismo
Wilson Araujo
Movimento que surge no Séc. XIX, propondo uma organização da sociedade onde não haja nenhuma forma de autoridade imposta e que tenha a liberdade como obsessão. Criar uma sociedade sem a presença do Estado e sem o controle do indivíduo. Em decorrência do princípio de liberdade individual, o anarquismo é contrário a todo e qualquer poder institucionalizado, contra qualquer autoridade, hierarquização e associação assim constituída. Para os anarquistas a questão da sociedade deve ser direta, fruto dela própria.
Radicalmente contrários à democracia representativa, onde determinado número de representantes é eleito para agir em nome da população. A proposta dos anarquistas é sim uma democracia participativa onde cada pessoa participa ativamente dos destinos políticos de sua comunidade.
Os anarquistas em defesa da internacionalização da revolução, de seus ideais, amparados no argumento de que o processo de dominação e exploração que desde a constituição dos Estados-Nações europeus, empreendimento político ligado à ascensão e consolidação do capitalismo, defendem uma idéia de luta política pela emancipação dos trabalhadores e pela construção de uma sociedade libertária e possa existir sem restrições, sem as unidades geopolíticas denominadas “países”, daí o interesse de uma revolução sem fronteiras.
A tática da luta anarquista é uma ação direta através das massas numa construção de revolução, gerindo o processo como obras delas próprias tendo como propósito o de conscientizar as massas das contradições sociais a que estão submetidas, despertando o desejo e a necessidade da revolução em cada indivíduo, através de todos os meios possíveis de comunicação na qual a sociedade vive, ou seja: propagandas, jornais, revistas, teatro, literaturas, sindicatos e outros; bem como na educação (formal e informal). Uma educação libertária, constituída contra o Estado, alheia portanto aos sistemas públicos de ensinos, que só disseminam visões sócio-políticas que lhe são interessantes. Para isto a proposta é que a própria sociedade organize seu sistema de ensino, à margem do Estado e sem a sua ingerência, definindo ela mesmo como aplicar seus recursos e fazendo a gestão direta deles, construindo um sistema de ensino que seja reflexo de seus interesses e desejos.
A rebeldia é um dos traços principais do anarquista. Segundo o sociólogo norte-americano Frank Harrison “o anarquismo deve ser entendido como sendo (nesse âmbito de tensão e autoridade), fundamentada na coexistência entre o indivíduo e o coletivo”, não é possível associar anarquismo com coletivismo ou também indivíduo, o que está em jogo é a rebeldia fundamentada num pensamento pré-socrático.
A palavra anarquia foi mudando devido aos acontecimentos históricos. Em 1878, Sebastian Fure, após fundar um jornal deu o nome ao mesmo de “Libertare” palavra que passou a ser sinônimo de anarquismo. A palavra Libertare aparece sempre, quando em contextos e acontecimentos mais subversivos.
Não é possível separar anarquismo de socialismo. Ser anarquista é superar tudo (ou quase tudo) o que pode ser sagrado, é um estado de insurreição permanente.
O movimento anarquista constituído pela multiplicidade dos mesmos numa rede de relações voluntárias ainda sem uma real definição, está ancorado na auto-disciplina, cooperação voluntária e solidariedade do saber. O discurso é pensar e agir. Nada científico, nada com a práxis e sim reciprocidade mútua de se conhecer.
Entre os pensadores anarquistas que ajudaram a formular tudo isso, quero destacar dois cuja participação tornou-se importante: Proudhon e Bakunin.
Para o anarquista russo Mikhail Aleksandro Vitch Bakunin (1814-1876), que aderiu a 1ª Internacional, em 1868 funda a Aliança Internacional Democrática Social, entidade de destaque na introdução do anarquismo na Espanha, a partir de 1869 promove atentados junto com o russo Netchaiev. A intensa militância não impede que Bakunin deixe uma obra teórica.
Ele propõe a revolução universal baseada no campezinato e defende o uso da violência, abolição do Estado (destruição, extinção), associação de produtores, as comunas, etc. Para ele não é possível passar para um Estado livre sem a revolução e sem acabar com todo e qualquer tipo de dominação e também sem a “humanização” da sociedade.
Já para o francês Pierre-Joseph Proudhon (que muito inspirou Bakunin), contribuiu para a transformação do anarquismo em movimento de massas, para ele a sociedade deve organizar sua produção e consumo em pequenas associações, baseadas no auxílio mútuo entre as pessoas. Auto-gestão é condição essencial na questão da liberdade. Ele disse: “Haverá sempre desigualdades de talentos, capacidades, porém o que não deve existir é a desigualdade social”. A diferença implica na justa proporcionalidade.
Para concluir, o que chama a atenção nesse comentário de Proudhon é que ele jamais pensou numa liberdade absoluta.
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