sábado, 26 de dezembro de 2009

Natal

Natal
O Natal sem dúvida alguma, é o evento mais esperado do ano. Há uma espectativa de algo novo porvir e ao mesmo tempo, um período de reflexão, de saudade de alguém e a vontade de juntar todos os amigos e parentes para nos abraçarmos e falarmos da esperança, do amor e da amizade.
Não podemos afirmar que Jesus Cristo tenha nascido em 25 de dezembro. Sabemos que nasceu durante o reinado de Herodes, o Grande,escolhido pelos romanos para governar a Judéia. Os calendários são contados a partir do ano em que se supõe ter nascido Jesus, mas as discussões sobre isso, são as mais variadas. Desde o século IV, os cristãos festejam o Natal, ou nascimento de Cristo, no dia 25 de dezembro. Esta foi uma adaptação das festas ao deus Sol dos povos pagãos, adquirida pelos Romanos. A data real ainda é incerta, entretanto, festeja-se muito e a data tem se consolidado ao longo dos anos.
O que eu posso dizer é que eu também tenho um sentimento diferente no natal. Se eu pudesse juntar todos os meus amigos e parentes eu diria que os amo e que a vida precisa ultrapassar os limites do ódio, da incompreensão, da maldade, da malandragem, do medo, das dívidas, das dúvidas, do egoísmo, etc...É melhor dizer que viver, é olhar para o próximo e não coloca-lo distante, já que é próximo! É melhor dizer que viver é dizer "Eu te amo" e quebrantar o "coração inquebrantável".
O "espírito" do natal precisa permanecer em nós e nada absolutamente nada, pode nos derrotar a ponto de desistirmos da vida.
Gostei muito de uma frase do Vice- Presidente da República, José Alencar, numa entrevista à Marília Gabriela rescentemente: "Deus não precisa de um câncer para me levar, entretanto se ele não quer me levar, não há câncer que me segura" Muito boa!
Emfim, desejo que o "Espírito do Natal" permaneça com todos nós e que no próximo ano, sejamos melhores que nos anos anteriores.
Beijos e que Deus nos abençoe.
Wilson Araujo



domingo, 13 de dezembro de 2009

Franz Boas : Race, linguage and Culture

Franz Boas : Race, linguage and Culture


“As Limitações do Método Comparativo da Antropologia”

Neste texto Boas nos leva a pensar sobre a sociedade humana, como o processo da formação e origem da cultura ocorreu. Tece uma feroz crítica a método construído por um conjunto de antropólogos , no qual, utilizam o método Comparativo, para analisar o desenvolvimento das sociedades.
O método Comparativo consiste basicamente, como explicito na palavra comparativo, na comparação entre sociedades, para entender os processos sociais e culturais. Como (neste caso), fosse possível uma generalização, ou seja, a partir de uma determinada comparação, a conclusão desta analise, pudesse ser estendia a todas as sociedades.
Boas preocupa-se com a questão referente as sociedades, não através de métodos que por algum dado, ou necessidade, excluem a história, pelo contrario, tenta recuperar a tradição de cada cultura, estuda as particularidades históricas de cada sociedade.
Assim é como se buscasse um ponto em comum presente em todas as sociedades, em qualquer tempo.
Em sua teoria encontra-se uma grande rejeição em relação as generalizações, busca a história do desenvolvimento das sociedades.
Sua preocupação está no particular, o que cada povo possui, pela tradição, que marca a sociedade, o que faz cada cultura ter uma determinada caraterística.
A universalidade não é a grande questão, já que não parte do universal para o particular, e justamente o inverso, parte de uma atenção do particular para poder chegar ao universal.
Para Boas a questão das semelhanças culturais, não está na troca, como para certos antropólogos, cujo em um passado remoto, ocorreu um contato entre povos para a explicação das semelhanças, para Boas - este processo pode ser definido, da seguinte maneira, “a mente humana parte de uma mesma psique, uma mesma matriz”.





Diferentemente do método comparativo, que trata das generalizações, o autor não rejeita o meio, o desenvolvimento cultural acontece não da mesma forma, para todos as sociedades e culturas.
Partimos de uma mesma matriz, assim podemos tratar das semelhanças, nas cada povo possui sua peculiaridade, possui sua tradição e costumes.
O meio em que se vive, o contato com outros povos podem influenciar uma determinada sociedade, o homem não é inflexível aos outros e as coisas que acontecem a sua volta.
Quando se trata da comparação, parece que os fenômenos culturais são unos e iguais a todos os povos, como se as similaridades ocorressem da mesma maneira. Como se as causas dos fenômenos fossem sempre imutáveis para qualquer povo, em qualquer época.
As sociedades sofrem mudanças ou melhor transformações no decorrer de seu crescimento, como se a cultura não sofresse influência, fosse sempre da mesma maneira ao longo dos tempos.
As metodologias utilizadas pelo método de comparação, não permite que os detalhes sejam verificados que as singularidades sejam observadas. Tudo é dado por uma grande reta.
Desta maneira a posição que as civilizações têm por base uma única linha geral, é descartada.
Os fenômenos culturais possuem uma causa e efeito que não são distintos entre si, então, quando tratamos de analisar a história de uma sociedade, não se pode ignorar como acontecem e como aconteceram os fatos da história cultural. Assim o estudo desenvolvido não é estático, ou seja, Boas pretender estudar a dinâmica social de cada sociedade em conformidade com o passado e o presente.

sábado, 24 de outubro de 2009

Anarquismo

Anarquismo
Wilson Araujo


Movimento que surge no Séc. XIX, propondo uma organização da sociedade onde não haja nenhuma forma de autoridade imposta e que tenha a liberdade como obsessão. Criar uma sociedade sem a presença do Estado e sem o controle do indivíduo. Em decorrência do princípio de liberdade individual, o anarquismo é contrário a todo e qualquer poder institucionalizado, contra qualquer autoridade, hierarquização e associação assim constituída. Para os anarquistas a questão da sociedade deve ser direta, fruto dela própria.

Radicalmente contrários à democracia representativa, onde determinado número de representantes é eleito para agir em nome da população. A proposta dos anarquistas é sim uma democracia participativa onde cada pessoa participa ativamente dos destinos políticos de sua comunidade.

Os anarquistas em defesa da internacionalização da revolução, de seus ideais, amparados no argumento de que o processo de dominação e exploração que desde a constituição dos Estados-Nações europeus, empreendimento político ligado à ascensão e consolidação do capitalismo, defendem uma idéia de luta política pela emancipação dos trabalhadores e pela construção de uma sociedade libertária e possa existir sem restrições, sem as unidades geopolíticas denominadas “países”, daí o interesse de uma revolução sem fronteiras.

A tática da luta anarquista é uma ação direta através das massas numa construção de revolução, gerindo o processo como obras delas próprias tendo como propósito o de conscientizar as massas das contradições sociais a que estão submetidas, despertando o desejo e a necessidade da revolução em cada indivíduo, através de todos os meios possíveis de comunicação na qual a sociedade vive, ou seja: propagandas, jornais, revistas, teatro, literaturas, sindicatos e outros; bem como na educação (formal e informal). Uma educação libertária, constituída contra o Estado, alheia portanto aos sistemas públicos de ensinos, que só disseminam visões sócio-políticas que lhe são interessantes. Para isto a proposta é que a própria sociedade organize seu sistema de ensino, à margem do Estado e sem a sua ingerência, definindo ela mesmo como aplicar seus recursos e fazendo a gestão direta deles, construindo um sistema de ensino que seja reflexo de seus interesses e desejos.

A rebeldia é um dos traços principais do anarquista. Segundo o sociólogo norte-americano Frank Harrison “o anarquismo deve ser entendido como sendo (nesse âmbito de tensão e autoridade), fundamentada na coexistência entre o indivíduo e o coletivo”, não é possível associar anarquismo com coletivismo ou também indivíduo, o que está em jogo é a rebeldia fundamentada num pensamento pré-socrático.
A palavra anarquia foi mudando devido aos acontecimentos históricos. Em 1878, Sebastian Fure, após fundar um jornal deu o nome ao mesmo de “Libertare” palavra que passou a ser sinônimo de anarquismo. A palavra Libertare aparece sempre, quando em contextos e acontecimentos mais subversivos.
Não é possível separar anarquismo de socialismo. Ser anarquista é superar tudo (ou quase tudo) o que pode ser sagrado, é um estado de insurreição permanente.

O movimento anarquista constituído pela multiplicidade dos mesmos numa rede de relações voluntárias ainda sem uma real definição, está ancorado na auto-disciplina, cooperação voluntária e solidariedade do saber. O discurso é pensar e agir. Nada científico, nada com a práxis e sim reciprocidade mútua de se conhecer.
Entre os pensadores anarquistas que ajudaram a formular tudo isso, quero destacar dois cuja participação tornou-se importante: Proudhon e Bakunin.

Para o anarquista russo Mikhail Aleksandro Vitch Bakunin (1814-1876), que aderiu a 1ª Internacional, em 1868 funda a Aliança Internacional Democrática Social, entidade de destaque na introdução do anarquismo na Espanha, a partir de 1869 promove atentados junto com o russo Netchaiev. A intensa militância não impede que Bakunin deixe uma obra teórica.
Ele propõe a revolução universal baseada no campezinato e defende o uso da violência, abolição do Estado (destruição, extinção), associação de produtores, as comunas, etc. Para ele não é possível passar para um Estado livre sem a revolução e sem acabar com todo e qualquer tipo de dominação e também sem a “humanização” da sociedade.

Já para o francês Pierre-Joseph Proudhon (que muito inspirou Bakunin), contribuiu para a transformação do anarquismo em movimento de massas, para ele a sociedade deve organizar sua produção e consumo em pequenas associações, baseadas no auxílio mútuo entre as pessoas. Auto-gestão é condição essencial na questão da liberdade. Ele disse: “Haverá sempre desigualdades de talentos, capacidades, porém o que não deve existir é a desigualdade social”. A diferença implica na justa proporcionalidade.
Para concluir, o que chama a atenção nesse comentário de Proudhon é que ele jamais pensou numa liberdade absoluta.

Globalização- Império e Imperialismo

WILSON CONSTANTINO DE ARAUJO FILHO

IMPÉRIO E IMPERIALISMO (Uma leitura crítica de Michael Hardt e Antonio Negri)
Fonte- Atílio Boron
Autor- Wilson C. de Araujo Filho
As teses do "Império"

Os autores definem "Império" a partir do argumento da globalização das trocas econômicas e culturais. Segundo eles, o Império seria a "substância política que regula as permutas globais", isto é, substância política que governa o mundo.
Soberania de Estado-nação - está diminuindo gradualmente porque as relações econômicas mundializadas ficaram mais independentes. No mundo sem fronteiras (produção e troca) o Estado-nação fica com seu poder restrito para regular os fluxos econômicos e internacionais.

Hipótese – "A soberania tomou nova forma, composta de uma série de organismos nacionais e supranacionais, unidos por uma lógica ou regra única" e isso chamamos de "Império". Portanto, Império não é mais uma forma de soberania de força política, e sim uma nova forma de soberania global – econômica.
Soberania do Estado-nação, pedra angular do Imperialismo construído pela potencias européias na Idade Moderna.

DIFERENÇAS ENTRE IMPÉRIO E IMPERIALISMO
IMPERIALISMO
IMPÉRIO
- Fronteiras – definem centro e periferia no controle do poder econômico e político.
- Na transição para Império surge o crepúsculo da soberania (Estado-nação).
- Uma extensão da soberania dos Estados-nação europeus,além de suas fronteiras.
- Não estabelece um centro territorial de poder. Não se baseia em fronteiras ou barreiras fixas.
- O mapa mundial foi codificado nas cores européias.
- Aparelho de decentralização e desterritorialização do geral que incorpora gradualmente o mundo inteiro.
- Estados-nação europeus sempre agiram impondo fronteiras hierárquicas para fiscalizar a pureza da sua identidade e para excluir tudo que representasse o outro.
- Fronteiras abertas e em expansão.

- Administrar entidades híbridas, hierárquicas, flexíveis e permutas plurais por meio de estruturas de comando reguladoras.

- Saem as cores nacionais do mundo imperialista e entra o mercado global.

- Produção Biopolíticas – a produção de riqueza é a produção da própria vida social, na qual o econômico, o político e o cultural se sobrepõem e se completam um ao outro.

Hardt e Negri refutam as teses (pró-contra) de que os EUA estão repetindo as práticas dos velhos imperialistas europeus, sendo a superpotência hegemônica do séc. XX.
Afirmam – Nem os EUA e nenhum outro Estado-nação, poderia ser o centro de um novo projeto imperialista. O Imperialismo acabou.
Contradizem-se – de fato, os EUA, ocupam posição privilegiada no Império, e esse privilégio decorre não de semelhanças com antigas potências imperialistas européias, mas de diferenças em relação a elas".
Justificam – Os E.U.A tem por característica básica desde a sua fundação ideológica e material: Império – com fronteiras abertas e em expansão, onde o poder seria destruído em redor.

O IMPÉRIO COMO CONCEITO

Caracteriza-se – fundamentalmente pela ausência de fronteiras: o poder exercido pelo Império não tem limites.
Postula – um regime que efetivamente abrange a totalidade de espaço, ou que de fato governa todo o mundo "civilizado".
Para isso – apresenta-se não como um regime histórico nascido da conquista, e sim como uma ordem, na realidade, suspende a história e dessa forma determina, pela eternidade o Estado e coisas existentes.

Funciona com homogeneização social controlando e administrando territórios e suas populações regendo a natureza humana, como forma paradigmática de biopoder, e apesar da prática do Império banhar-se em sangue, o conceito do mesmo é sempre dedicado à paz.
Durante a transição da modernidade para a pós-modernidade, ou do Imperialismo para o Império, o autor mostra a história, narra a passagem da perspectiva histórica das idéias e da cultura do começo do período moderno para o tempo presente, e o fio condutor é a genealogia do conceito de Soberania e a norma de transição do ponto de vista da produção compreendida num sentido muito amplo, que abrange desde o fator econômico à produção da subjetividade.
Concentra-se basicamente nas transformações da produção capitalista do fim do séc. XIX até hoje.
No universo da produção as desigualdades são claramente reveladas, e além disso é aí que surgem as resistências mais eficazes e as alternativas do poder do Império, alternativas identificadas para traçar a linhas de um movimento para além do Império.

A CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO PRESENTE

1.1 Ordem Mundial ( Econômica) – Expressa como uma formação jurídica.
ONU – Legitima a ordem econômica funcionando como órgão jurídico supranacional, com capacidade de resolver os problemas dos Estados-nação, sem a necessidade de conflitos, revoluções, etc. Sua estrutura conceitual se baseia no reconhecimento e legitimação da soberania de Estados individuais.
HANS KELSEN – "Uma das figuras intelectuais mais importantes que estão por trás da formação da ONU" Entre (1910/1920) propôs que o sistema jurídico internacional fosse concedido como a fonte suprema de toda a formação e constituição jurídica nacional". Segundo o mesmo: "Os limites dos Estados-nação viram obstáculos intransponíveis possíveis à realização da idéia de direito".
Para Kelsen, o arranjo parcial da Lei doméstica dos Estados-nação leva de volta forçosamente à universalidade e objetividade do arranjo internacional. Isso é não apenas lógico, mas também ética, pois poria fim a conflitos entre Estados de poder desigual, e firmaria um equilíbrio que é o princípio da comunidade internacional.
OBS. Pensamento de Kelsen, utópico.
O arranjo material é outro "mas ambíguas experiências das Nações Unidas, o conceito jurídico de Império começa a ganhar força".

A CONSTITUIÇÃO DO IMPÉRIO

"Em termos constitucionais, os processos de globalização são uma fonte de definições jurídicas que tendem a projetar uma configuração única supranacional de poder político".
Muitas teorias relutam em reconhecer mudanças importantes nas relações globais de poder, por acharem que os Estados-nação capitalistas dominantes costumam a exercer domínio Imperialista sobre outras nações, o que daria uma idéia não do novo e sim um aperfeiçoamento do Imperialismo.
Poder Supranacional – Elimina o conflito e a competição entre nações. / Organiza-as numa estrutura unitária / Trata-as de acordo com uma nação comum de direito, pós-colonialista e pós-imperialista. Com novas noções de direito, autoridade de produção, instrumentos legais de coerção, etc.
Nos dias de hoje já não é mais necessário invadir e conquistar territórios, basta o embargo econômico, liquida-se um Estado-nação. Nesse jogo político atual é assim que se dá a nação de direito de Império e de Ética, da paz perpétua do Direito Internacional.
No Império – justifica-se o direito de ir à guerra quando ameaçada sua integridade e independência política. Age-se com guerra reduzida ao status de ação policial, legitima-se o aparato militar da conquista da ordem e da paz. O Império é um sistema que nasceu com vontade própria e constitue-se "com base na capacidade de resolver conflitos e de criar consenso".

Os autores vêem problemas no Império a resolver como: Quem decidirá sobre as definições de justiça e de ordem? Quem será capaz de definir o conceito de paz? Quem será capaz de unificar o processo de suspensão da História e chama essa suspensão de justa?
São ordem global de justiça e direito ainda virtuais aplicados aos povos.
O poder do Império parece estar subordinado às flutuações da dinâmica do poder local e aos arranjos jurídicos parciais e mutáveis que buscam mas não conseguem a normalidade. O Império só intervém ou funciona no excepcional, havendo contradições nos processos em andamento.

CRISE DO IMPÉRIO

O Império nasce e se revela pela crise, declínio – por decadência ou por corrupção, em termos jurídicos, políticos e morais também (Montesquieu).
A crítica que Boron faz, apesar de seu desacordo teórico com a interpretação de Hardt e Negri, reconhece que era necessária uma revisão e uma atualização com relação ao processo de mundialização neoliberal.
Reconhece: deficiência das análises convencionais experimentadas pelo Imperialismo no último quarto de século. As falências do "pensamento único" sobre a matéria divulgada pelo FMI, Banco Mundial e pelas agências ideológicas do Sistema Imperial e que se "plasma" na teoria neoliberal da "globalização" são ainda maiores.
A resposta de Hardt e Negri ao desafio acima é altamente insatisfatória e pode ser fonte de renovada frustração no terreno da prática política.
Em sua tese central o autor diz que "a globalização, consolidou a dominação imperialista e aprofundou a submissão dos capitalismos periféricos, cada vez mais incapazes de exercer um mínimo de controle sobre seus processos econômicos domésticos.
Boron pretende demonstrar que a realidade do Imperialismo não se desvanece ante às fantasias dos filósofos.
Ele denuncia: sistemático genocídio praticado diariamente nos países de periferia capitalista; regressão social; destruição do meio ambiente; aviltamento dos regimes democráticos manietados pela tirania dos mercados, paroxismo militarista que se apossou da Casa Branca e de outros locais privilegiados, de onde se tomam decisões que afetam a vida de milhares.
Sugere uma visão parcial e unilateral,, incapaz de perceber a totalidade do sistema, e de dar conta de suas manifestações globais, acaba sempre caindo nas redes ideológicas das classes dominantes, negam o papel desempenhado por duas instituições cruciais que organizam, monitoram e supervisionam dia-a-dia o funcionamento do Império. – FMI/Banco Mundial, superficialidade das análises dessas corporações transnacionais.
Afirmam a continuidade histórica e substantiva entre modernidade e o Estado-nação, mas apressam-se em repudiar o "antiquado internacionalismo proletário". Este supõe o reconhecimento do Estado-nação e seu papel crucial como agente da exploração capitalista.
A decadência do Estado-nação e a natureza global do capitalismo - esse tipo de internacionalismo é completamente anacrônico e tecnicamente reacionário.
Junto com o internacionalismo proletário também desaparece a idéia da existência de um "ciclo internacional de lutas" – cita como questões regionais imediatas e não globais.
Boron conclui – os interessados em explorar as alternativas ao Império encontrarão pouca ajuda nessa seção do livro".
Contém: atestado de óbito para o arcaico internacionalismo proletário/Lutas populares incomunicáveis pela carência de linguagem comum/ Não conseguem identificar o inimigo/ Desaparece a distinção centro-periferia / Sublevação de um contra-poder difícil de decifrar pela oposição de Hardt e Negri à dialética.
Devemos ter a confiança de que a multidão vai assumir as tarefas assinaladas por Hardt e Negri.
Ausência de: discussão sobre forma de lutas; modelos organizacionais (sindicatos e partidos); estratégia de mobilização e as táticas de enfrentamentos; articulação entre lutas econômicas, políticas e ideológicas; objetivos, a longo prazo e a agenda da revolução.

domingo, 23 de agosto de 2009

Epidemias

Imagem da época mostra padre abençoando doentes de peste (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons)

Epidemias

Na história das epidemias, até salmonela já foi grande vilã
Peste negra devastou um terço da população européia na Idade Média.

Conheça algumas das principais epidemias já enfrentadas pelo homem.
Giovana Sanchez, do G1, São Paulo.

Epidemias, como a recente gripe suína , causam pânico, preocupação e mortes. Sempre foi assim, desde que o homem começou a conviver com as bactérias, as formas de vida mais antigas do planeta. As doenças têm formas variadas, e as mortes podem ser provocadas tanto por uma enfermidade antiga quanto por um novo vírus.
Uma definição de epidemia é dada pelo infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e autor de "A Historia e Suas Epidemias", Stefan Cunha Ujvari: " são ocorrências de casos de uma doença em número superior ao esperado – esperado com base em cálculos, não em adivinhação."

Em muitos momentos da história, populações foram arrasadas por mortes em grande escala. A diferença em relação às epidemias atuais é que, antigamente, não eram conhecidas as causas de muitas doenças e não era possível, como hoje, fazer um trabalho preventivo.
"Hoje, com um mundo globalizado e grande acesso a informação e tecnologia, podemos controlar mais facilmente o desenvolvimento dos casos", explicou Ujvari em entrevista ao G1 por telefone.
Doenças como cólera, varíola, sarampo e gripe mataram milhões de pessoas em diferentes épocas e lugares. Confira algumas das piores epidemias da história:

Praga de Atenas

No verão de 430 AC, uma epidemia assolou a cidade grega de Atenas. O historiador Tucidides, que sofreu ele próprio da doença, descreveu na época os sintomas como 'calores na cabeça, inflamação nos olhos, dores na garganta e na língua'. A epidemia ocorreu durante o começo da guerra do Peloponeso, entre Atenas e Esparta, e afetou o exército ateniense. De 25% a 35% da população de Atenas morreu vítima da doença.

Segundo o infectologista Stefan Ujvari, o que favoreceu as mortes foi a aglomeração de pessoas nos muros de Atenas por causa da guerra. "Isso funcionou como um caldeirão para a epidemia." Ele conta que a doença que provocou a praga ficou por muitos anos sendo um mistério. "Até que, há cinco anos mais ou menos, uma cova com corpos dessa época foi descoberta e, dentro dos dentes dos cadáveres, foi encontrado o material genético da salmonela."


Peste dos Antônios

Uma grande epidemia começou em 165 e no ano seguinte atingiu Roma, durando 15 anos. O nome era uma alusão à família que governava o império na época. Cerca de um terço da população morreu. No auge da epidemia, eram registradas quase duas mil mortes diárias em Roma.

Em 180, o próprio imperador Marco Aurélio foi morto pela doença. O médico Claudio Galeno descreveu na época a peste como tendo sintomas de febre, diarréia e erupções cutâneas.

Lepra na Europa medieval

Entre os anos 1000 e 1350, a lepra se desenvolveu na Europa. As vítimas sofriam lesões na pele, deformações e perda das extremidades. As pessoas eram isoladas e sofriam muito preconceito. Nessa época, muitos centros para leprosos foram criados, e a Igreja Católica controlava os doentes, sustentando que as lesões eram sinais de impureza religiosa. O doente identificado recebia uma cerimônia religiosa, a ‘missa dos leprosos’, em que ganhava trajes especiais e um instrumento sonoro para anunciar sua chegada a lugares públicos.


"Uma verdadeira perseguição aos leprosos ocorreu na época. Como a lepra não é uma doença altamente contagiosa, achamos que muita gente que tinha doenças de pele foi rotulada como tendo lepra", explicou Stefan Ujvari.


A pior de todos os tempos: a peste negra

Pior epidemia da história da humanidade segundo o infectologista, a peste bubônica matou um terço da população europeia. Com início em 1347, a doença se espalhou rapidamente, seguindo as rotas marítimas.


Em 1348, a doença já havia atingido as áreas mais densas dos mundos cristão e muçulmano. A peste chegou num momento de crise agrária e fome. Por volta de 1350, toda a Europa central e ocidental tinha sido afetada. Após essa grande epidemia, a doença não desapareceu e continuou provocando surtos de tempos em tempos.


Os sintomas da peste bubônica são mal-estar, febre, dores no corpo e inchaços do tamanho de um ovo, conhecidos como bubões. A coloração azulada que dá o nome à doença, ocorre pela falta de oxigenação da pele, pela insuficiência pulmonar.


Ratos com pulgas contaminadas pelo bacilo foram um grande fator de disseminação da peste na época. Segundo escreveu Ujvari em seu livro "A História e suas epidemias", "as epidemias encontram terreno propício nas regiões com aglomerações populacionais e condições precárias de higiene, em que ocorre grande proliferação de ratos dividindo espaço com os homens.”


Suor inglês: a doença misteriosa

A cidade de Londres foi alvo de uma epidemia no século XV. As características da doença eram febre intensa e calafrios. Em poucas horas, o paciente podia ter convulsões, entrar em coma e morrer. De cada três pessoas que apresentavam o sintoma, uma morria. A doença teve grandes surtos e chegou a atingir boa parte da corte de Henrique VIII. Cidades perderam quase a metade da população.

O ultimo surto da doença, em 1529, atingiu outros países, como Holanda, Rússia e Alemanha. Depois de um quinto surto, em 1551, quando matou 900 pessoas nos primeiros dias, a doença desapareceu completamente e permanece como um mistério ate hoje.


Cólera na era das máquinas

Em 1817, a cólera começou a se espalhar por áreas da Índia, onde já era endêmica. Alguns anos depois, atingiu o leste da Ásia e o Japão. Em 1820, Bangcoc, capital da Tailândia, reportou 30 mil mortes (numa população de 150 mil habitantes).

Foto: Reprodução/Wikimedia Commons Hospital improvisado no Kansas, durante a gripe espanhola (Foto: Reprodução/Wikimedia Commons) Dez anos mais tarde, em 1831, a doença chegou à Europa pela Inglaterra e atingiu os principais centros industriais e locais de moradia lotados, como cortiços. Durante a epidemia, quase 30 mil pessoas morreram no Reino Unido, a maioria pessoas pobres.


Gripe espanhola

Os soldados que lutavam nas trincheiras durante a Primeira Guerra Mundial em 1918 enfrentavam não apenas o frio, a chuva, a lama e o inimigo. Nessa época, uma gripe mortal acometeu tropas inteiras e logo se espalhou para a população civil, matando de 40 milhões a 50 milhões de pessoas, primeiro na Europa e nos EUA, depois na Ásia e nas Américas Central e do Sul. Há relatos de pessoas que acordavam bem e, no final da noite, estavam morrendo – tão rápido era o avanço da doença.

No Brasil, a gripe espanhola, como ficou conhecida, apareceu no final do ano, quando marinheiros desembarcaram doentes após uma ida à África. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, 65% da população adoeceu. “Só no Rio de Janeiro, foram registradas 14.348 mortes. Em São Paulo, outras 2.000 pessoas morreram”, diz o site da Fiocruz.

Gripe asiática

A doença atingiu a China nos anos de 1957 e 58 e chegou aos EUA matando mais de 70 mil pessoas. Diferente do tipo de vírus que causou a epidemia de 1918, esse era rapidamente identificado principalmente devido aos avanços da tecnologia médica. A Organização Mundial da Saúde estima que até 50% da população foi afetada, e a taxa de mortalidade era de uma pessoa a cada 4 mil. O numero de mortes no mundo passou de um milhão.

Gripe de Hong Kong

Nos anos de 1968 e 69, um outro tipo de gripe matou de 1 milhão a 3 milhões de pessoas - quase 34 mil só nos EUA e 30 mil na Inglaterra. Transmitida por aves, a doença matou em muito pouco tempo. Meio milhão de casos foram reportados em Hong Kong apenas nas duas primeiras semanas. A doença chegou nos EUA em setembro de 1968, por meio de soldados vindos do Vietnã. A vacina começou a ser fabricada dois meses após o surto.

Sars

A doença respiratória viral Sars (sigla em inglês para Síndrome Respiratória Aguda Grave) foi detectada pela primeira vez em fevereiro de 2003, na Ásia. Nos meses seguintes, se espalhou para mais de 12 países na América do Norte, na América do Sul, na Europa e na Ásia. A doença começa com uma febre alta e pode ter dores de cabeça, no corpo e mal-estar. A transmissão ocorre por contato próximo.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, um total de 8.098 pessoas ficaram doentes no mundo, das quais 774 morreram. No mesmo ano, a epidemia foi controlada.

sábado, 22 de agosto de 2009

Declaração Universal dos Direitos Humanos

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

Adotada e proclamada pela resolução 217 A (III)da Assembléia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo, Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla, Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e liberdades, Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é da mis alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso,
A Assembléia Geral proclama
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo I
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade.
Artigo II
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição.
Artigo III
Toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo IV
Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo V
Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo VI
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecida como pessoa perante a lei.
Artigo VII
Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Artigo VIII
Toda pessoa tem direito a receber dos tributos nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei.
Artigo IX
Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Artigo X
Toda pessoa tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.
Artigo XI
1. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito de ser presumida inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
Artigo XII
Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Artigo XIII
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 2. Toda pessoa tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
Artigo XIV
1.Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XV
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Artigo XVI
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer retrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes.
Artigo XVII
1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2.Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
Artigo XVIII
Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
Artigo XIX
Toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
Artigo XX
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação.
Artigo XXI
1. Toda pessoa tem o direito de tomar parte no governo de sue país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Toda pessoa tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
Artigo XXII
Toda pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social e à realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo XXIII
1.Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego. 2. Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho. 3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social. 4. Toda pessoa tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses.
Artigo XXIV
Toda pessoa tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e férias periódicas remuneradas.
Artigo XXV
1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência fora de seu controle. 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio, gozarão da mesma proteção social.
Artigo XXVI
1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz. 3. Os pais têm prioridade de direito n escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.
Artigo XXVII
1. Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. 2. Toda pessoa tem direito à proteção dos interesses morais e materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística da qual seja autor.
Artigo XVIII
Toda pessoa tem direito a uma ordem social e internacional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam ser plenamente realizados.
Artigo XXIV
1. Toda pessoa tem deveres para com a comunidade, em que o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é possível. 2. No exercício de seus direitos e liberdades, toda pessoa estará sujeita apenas às limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma sociedade democrática. 3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser exercidos contrariamente aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Artigo XXX
Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidos.

sábado, 1 de agosto de 2009

IRBEM- Movimento Nossa São Paulo

Olá amigos.
O Movimento Nossa São Paulo convida cada cidadão de São Paulo e cada empresa, organização social, escola, igreja, clube social, time de futebol e grupo de amigos (inclusive virtual) a participar da construção dos Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município. O objetivo é construir um conjunto de indicadores que sirva para orientar ações de empresas, organizações, governos e toda a sociedade, considerando como foco principal o bem-estar das pessoas.A primeira fase da construção do IRBEM é a consulta pública que se estende até 30 de setembro. A consulta é feita por meio de questionário, elaborado pelos grupos de trabalho e pela secretaria executiva do Movimento. Ao todo são 24 temas nos quais as pessoas podem escolher o que elas mais valorizam para seu bem-estar na cidade.O preenchimento do questionário, além de ser o ponto de partida para a formulação do IRBEM, é importante também para estimular em todas as regiões da cidade o debate sobre as escolhas da população para alcançar qualidade de vida para todos.Por isso é fundamental que cada cidadão e organização - social, privada ou pública – se engaje na campanha e estimule a todos os seus colaboradores a participar também. Quanto mais gente colaborar, refletir, debater e pensar soluções, mais chance teremos de construir uma cidade que privilegie o bem-estar da população.Após a fase de consulta pública, em outubro o Ibope vai selecionar os itens que foram citados como os mais importantes para a qualidade de vida da população para incorporar tais itens na pesquisa anual do Movimento Nossa São Paulo. A pesquisa será realizada em novembro. Em seguida, haverá a sistematização dos dados. Em janeiro, por ocasião do aniversário da cidade, haverá o lançamento do IRBEM.Os interessados em participar, podem preencher o questionário e estimular familiares amigos, vizinhos e colegas de classe e de trabalho a fazerem o mesmo. Para auxiliar na mobilização, há o material de campanha, como banner para internet, cartaz e folder.Questionário impressoTambém está disponível a versão impressa do questionário, para os que não têm acesso à internet. Os interessados na versão impressa, também podem baixar e imprimir o questionário no formato pdf em baixa ou alta resolução.Quem optar pela versão impressa não pode esquecer de devolvê-lo preenchido. As opções de devolução são as seguintes:• Entregar este material preenchido à pessoa ou organização da qual você o recebeu;• Devolvê-lo diretamente nos postos de recolhimento, dentre eles:Zona Leste: Igreja de São Francisco de Assis, Rua Miguel Rachid, 99, em Ermelino Matarazzo - Tel: 2546.4254 – falar com Luis França.Zona Sul: Sociedade Santos Mártires, Rua Luis Baldinato, 9, no Jd Sônia Regina (Jd Angela)- Tel: 5831 - 9549 – falar com Sérgio Bosco.Zona Oeste: Secretaria executiva do Movimento Nossa São Paulo, rua Francisco Leitão, 469, cj 1407, Pinheiros, CEP 05414-020. Tel: 3894-2400.Centro: Ação Educativa, Rua General Jardim, 660. Tel: 3151-2333 – ramal 130 – falar com Samantha Neves.Cronograma do IRBEMDe 15 de junho a 30 de setembro – Pesquisa preliminar com a população.Outubro – Seleção dos itens que foram citados na pesquisa como os mais importantes para a qualidade de vida da população.Novembro – Aplicação da pesquisa Ibope com os paulistanos, em amostra proporcional aos vários segmentos da população. Depois disso, será feita a sistematização e a construção do IRBEM.Janeiro de 2010, aniversário da cidade de SP – Lançamento público do IRBEM.**Os textos de outras fontes não representam necessariamente as opiniões do Movimento Nossa São Paulo, mas são reproduzidos no portal por abordarem questões consideradas relevantes para o debate público. apoio:creative commons mapa do siteRua Francisco Leitão, 469 - conj. 1407 - CEP 05414-020 - Telefone: 3894-2400
Participem.
Futebol brasileiro.
Texto- Parte da Dissertação de meu Mestrado Capítulo l
  • O futebol, principalmente o profissional, se apresenta como um relevante instrumento na vida social e colabora para a consolidação da identidade nacional, estando fincado nos lugares mais longínquos da terra brasileira. Através dele se verificam múltiplos aspectos contidos na sociedade e seus elementos naturais. Sua influência local é tão forte que, assim como inúmeras pessoas lembram uma partida de futebol jogada há tempos, lembram também do espaço onde foi jogada. Há uma aglutinação por conta do futebol profissional envolvendo a quase todos, sem distinção de classe social, de gênero, ou de cor.
    Não se tem completa clareza quanto à chegada do futebol no Brasil. Alguns historiadores acreditam que o futebol foi trazido por marinheiros ingleses, que foram vistos jogando bola em um cais do porto do Rio de Janeiro em 1872. Contudo a versão mais aceita é a de que o estudante inglês Charles Muller – filho de um cônsul britânico residente em São Paulo, trouxe esta “novidade” para o Brasil. (Costa, 2001). Existe ainda outra teoria sobre o desembarque do futebol no Brasil. Segundo Cláudio Nogueira (2006), quem verdadeiramente trouxe o futebol para o Brasil foi o brasileiro Oscar Cox, na última década do século XIX.
    Independente das implicações desta polêmica, o que nos interessa é entender como o futebol se desenvolveu inicialmente por aqui, visto que, a princípio, o futebol era uma atividade praticada pela elite dos centros urbanos que vinha se desenvolvendo na virada do século XIX, em virtude do “início” do processo de industrialização no país. O futebol era praticado não como um esporte, mas como um jogo que tinha como objetivo a reunião, através de uma prática lúdica, da alta sociedade representada por uma burguesia nascente nas cidades. Posteriormente, instituições de ensino da burguesia introduziram o futebol em seus currículos acadêmicos (Toledo, 2000).
    O processo de assimilação do futebol pela elite brasileira ocorreu pelo fato de que no decorrer do século XIX e, também, no início do século XX, era muito comum que os filhos de grandes empresários e latifundiários estivessem acostumados a sair do Brasil para estudar na Europa, especialmente na Inglaterra, que no período até a primeira grande guerra, era a principal potência mundial. Esses jovens da elite nacional, ao entrarem em contato com o futebol em solo europeu, passaram a importar equipamentos, técnicas e regras deste jogo, visto que a elite nacional tinha como costume importar costumes europeus, sobretudo ingleses, no sentido de afirmar sentimentos de progresso e de civilidade.
    As primeiras partidas realizadas no Brasil de que se tem notícia ocorreram em São Paulo, em 1895, entre os sócios do clube “São Paulo Atlhetic Club”, que incorporou a modalidade nas atividades recreativas; já no Rio de Janeiro, os primeiros jogos realizados ocorreram por volta de 1901 entre os times do “Paysandu” e o “Atlhetic Association” de Niterói (Costa, 2001). Do ponto de vista de uma maior organização administrativa–institucional do futebol no Brasil, o primeiro passo ocorreu com a fundação da “Liga Paulista de Futebol” em 1902, e com a criação da “Liga Carioca de Futebol” em 1914, quando a partir daí passaram a ser organizadas as primeiras competições de futebol. Todavia, até a década de trinta, a organização do futebol no Brasil possuía ainda um “ethos amador” (Elias e Dunning, 1992), ou seja, era mais uma forma de “divertimento” e de “prazer” com um fim em si mesmo.
    Portanto, foi a partir da década de trinta (período este em que passaram a ser realizadas as primeiras Copas do Mundo) que o futebol passou por uma maior estruturação profissional, de modo a marcar um processo pelo qual a competição se tornou mais importante do que a ênfase na dimensão lúdica de sua prática (Huizinga, 2001).
    Carlos Alberto Pimenta cita que:
    “O esporte é um bom exemplo para se estudar as transformações políticas, econômicas, e socioculturais pelas quais passam a sociedade brasileira. [...] O futebol traduz-se no maior fenômeno de massa do século XX e início do século XX1. No mundo, caracteriza-se como importante espaço aglutinador de jovens e associa-se aos argumentos intimamente ligados às mudanças sociais de nosso tempo” (2006, pag 18).
    A prática do futebol encontra-se disseminada atualmente pelos quatro cantos do mundo, todavia seu grau de inserção em cada sociedade obedece a intensidades variadas e processos históricos diferenciados. A globalização, a conseqüente diminuição das distâncias de espaço e tempo, tem acarretado um processo de homogeneização “global”, que apresenta dinâmicas diferenciadas em sua esfera “local” (Hall, 2001).
    Kofi Annan, ex-Secretário Geral da ONU, na ocasião da realização da Copa do Mundo da Alemanha em 2006, teria proclamado o “futebol global”, dizendo:
    “A ONU morre de inveja da Copa do Mundo. O evento é o apogeu do único esporte verdadeiramente global, jogado em todos os países, por todas as raças e religiões. É um dos únicos fenômenos tão universais como as Nações Unidas, ou até mais universal. A FIFA tem 207 membros e nós temos apenas 191. Mas há muitas outras razões para ficar com inveja” [1].
    O futebol é um fato social que é objeto de estudo da Sociologia, e, para firmar tal compreensão, pode-se atentar para o que diz Helal:
    “Certamente o torcedor de futebol mais “fanático” do Brasil não se interessaria por esse esporte caso tivesse nascido e sido criado no Japão ou nos Estados Unidos. Da mesma forma, poderíamos dizer que: Pelé, Garrincha, Rivelino e Zico não teriam tido a menor intimidade com a bola nos pés, caso tivessem nascido e sido criados na China, no Japão, nos Estados Unidos ou na Austrália. O “gostar de futebol” no Brasil existe fora das consciências individuais dos brasileiros, da mesma forma que o “gostar do beisebol” existe fora das consciências dos americanos, e o “gostar do hóquei no gelo” existe fora das consciências individuais dos soviéticos. O gosto ou paixão por um determinado esporte não existe naturalmente em nosso “sangue”, como supõe o senso comum. Ele existe na coletividade, em nosso meio social que nos transmite esse sentimento da mesma forma que a escola nos ensina a ler e a escrever [...] Sendo assim, o primeiro passo para uma compreensão sociológica do esporte no mundo moderno é encará-lo como um fato social, isto é, como algo socialmente construído, que existe fora das consciências individuais de cada um, mas que se impõe como uma força imperativa capaz de penetrar intensamente no cotidiano de nossas vidas, influenciando os nossos hábitos e costumes” (1990, pag 13).
    O autor continua a demonstrar a importância do futebol para a Sociologia destacando observações idênticas de Kofi Annan:
    “O esporte é uma das instituições sociais mais sólidas do mundo moderno. Para se ter uma idéia, a Federation International Football Association (FIFA) reúne um número maior de nações afiliadas do que a Organização das Nações Unidas (ONU). Em quase todas essas nações, o esporte desponta como meta importante dos programas governamentais e, não raras vezes, as vitórias e derrotas no esporte têm servido como metáforas para os sucessos e fracassos de sistemas econômicos e sociais. Por isso, o estudo sociológico do esporte tem se transformado, cada vez mais, numa exigência, não somente para aqueles interessados na complexidade do fenômeno esportivo, mas tambem para aqueles que desejam ganhar uma melhor compreensão da realidade social” (1990, pag 12).
    O espetáculo chamado futebol, proporciona ao público uma unificação de sentimento, que faz com que através do tempo do jogo não se pense em outra coisa senão no futebol, o que leva alguns autores como Debord, expressar tal espetáculo como parte do corpo social:
    “O espetáculo apresenta-se ao mesmo tempo como a própia sociedade, como uma parte da sociedade e como instrumento de unificação. Como parte da sociedade, ele é expressamente o setor que concentra todo o olhar e toda consciência. Pelo fato de esse amor estar separado, ele é o lugar do olhar iludido e da falsa consciência; a unificação que realiza é tão somente a linguagem oficial da separação generalizada” (1997, pag 14).
    O momento mais apropriado de se verificar a importância do futebol no mundo é, sem dúvida nenhuma, o momento da Copa do Mundo, organizado pela FIFA, a qual ocorre a cada quatro anos. A este evento que concentra milhões de olhares, se aplica uma frase de Roberto DaMatta:
    “A copa do Mundo distingue-se da Olimpíada por concentrar todas as atenções num só esporte: no “nosso” futebol. Enquanto nos Jogos Olímpicos existe uma enorme variedade competitiva, que inclui esportes individuais e coletivos, na copa o futebol é o dono exclusivo de todas as atenções” (2006, pag 25).
    O futebol no decorrer do século XX passou por profundas transformações, tanto no que diz respeito a uma maior estruturação e profissionalização de sua prática, como na sua imagem e recepção frente à sociedade, haja vista que o futebol passou a extrapolar os limites de seu campo esportivo, e passou a ser incorporado como um dos ícones culturais da identidade dos brasileiros, em que os jogos do Brasil, por exemplo, independentemente se gosta ou não de futebol e especialmente durante as Copas do Mundo, tornou-se uma espécie de “rito” que atualiza a idéia de um nacionalismo/patriotismo brasileiro, quando, então, a idéia de um “Brasil harmonioso” e de um “país do futuro” é enfatizada frente às contradições e as desigualdades sociais oriundas das hierarquias de classe; nestes instantes de furor e aglutinação nacional pode-se ouvir em uníssono: “todos juntos Brasil, salve a seleção!”. Para isso, muitas vezes percebe-se que até mesmo outras programações televisivas são transferidas ou canceladas por conta do jogo do Brasil em determinado horário e, se não bastasse, muda-se o horário de escolas, horário de saída de funcionários, muda o trânsito, como se fosse uma coisa de demasidada importância, e que está acima da importância de todas as demais profissões. Nos jogos da Copa do Mundo, profissionais de várias áreas para de trabalhar. Os engenheiros interrompem o trabalho, os médicos interrompem o trabalho, os professores interrompem o trabalho, operários interrompem o trabalho, ou seja, o Brasil pára.
    A Copa do Mundo provavelmente seja o único evento internacional que muda a rotina do Brasil e de muitas outras nações, dando a impressão que somente uma grande catástrofe pode ocupar esse espaço.
    No entanto, com toda essa importância, foi com o transcurso do tempo que o futebol passou a ter status de profissional, conforme comenta Pimenta:
    “Paulatinamente, as políticas populistas e econômicas da era vanguardista nortearam as relações sociais, e o futebol penetrou no cotidiano das cidades. No entanto, o jogador era profissionalizado, e a administração dos clubes permaneceu amadora, nas mãos de negociantes, comerciantes e industriais que geravam a possibilidade de o atleta com habilidades futebolísticas trabalhar numa indústria ou no comércio e receber bons salários e, acima de tudo, conquistar prestígio social” (2006, pag 45).
    Às vezes, o profissionalismo do futebol brasileiro apresenta-se apenas como elemento retórico, porque vemos constantemente muito amadorismo nas relações sócio-culturais que nos impedem de considerá-lo como profissional.
    Algumas coisas que apontam para esta falta de profissionalismo têm a ver com o fato de que os agentes e instituições responsáveis pelo futebol profissional no Brasil têm demonstrado pouco ou nenhum interesse com o futuro dos seus contratados, denunciando o fato de que eles apenas interessam enquanto têm sua habilidade física para oferecer à competição. E, também pela forma de gestão com o trato com as torcidas e todos os agentes norteadores desse espetáculo.
    O ex-jogador Sócrates expõe sobre este assunto, na Revista Carta Capital[2], já que foi protagonista dentro de um campo de futebol:
    "Foi numa esquina da vida que pude te conhecer, reconheci no teu rosto, desgosto, marcas de um grande sofrer.” Esta é a impressão que temos da face de boa parte dos torcedores brasileiros. Mesmo depois de inesperadas vitórias, até em Copa do Mundo, muito pouca coisa mudou por estas bandas. Talvez até por isso nada de peso tenha se modificado. Continua nosso amante do futebol a ser espoliado da forma mais vil. Jogos em profusão, modificações de última hora, equipes de poucos recursos, jogadores despreparados, estádios imundos, falta de transporte de boa qualidade, horários estapafúrdios, etc. A única boa novidade é a mobilização, ainda incipiente, de algumas torcidas organizadas para que, por meio de um processo de politização, passem a lutar por seus direitos, não só de torcedor, como também de cidadão. Virão os mais conservadores e os reacionários a dizer que este não é o papel de um torcedor de futebol, como se ele não fosse parte integrante e agente da sociedade em que vive. Na verdade, esses indivíduos têm um verdadeiro pavor de que isso um dia aconteça. É que neste país, nada mobiliza e agrega mais que o futebol, e poderá ser por meio dele que, teremos os exemplos que determinarão os caminhos que devemos seguir para transformar nossa sociedade em algo mais humano e da qual possamos nos orgulhar [...]”
    É muito provável que nem todos os brasileiros vêem o futebol profissional como uma profissão ou talvez como um trabalho propriamente dito. E, se o é, urge observar que esta “profissão” não aparece nos principais diagnósticos e indicadores sociais e profissionais, como, por exemplo, os de Emprego, Trabalho e Renda, nem é destacada entre as listas de “melhores profissões” ou os “melhores empregos”. Observa-se também a ausência dos clubes na lista das melhores empresas para se trabalhar.
    Pode-se fazer a seguinte comparação: atualmente, uma determinada empresa para obter Certificado de Qualidade precisa introjetar entre todos os seus profissionais o “Espírito de Qualidade”. Para receber esse Certificado de Qualidade, a empresa passa por exigências duras de mercado: qualificam os funcionários, em todos os seus níveis, qualificam-se e padronizam-se os produtos e serviços, e fazem investimentos em provisões para a aposentadoria de seus executivos. Nas profissões individuais, tais como: médicos, dentistas, advogados, professores, e outros, buscam especializações como uma forma de ganhar mais credibilidade e também buscar dar prosseguimento à profissão, independente de idade, enquanto houver possibilidade de atuação. Entretanto, os clubes que mantém o futebol “profissional”, se ausentam dessas exigências do “mercado” e praticamente abandonam os ex-jogadores de futebol profissional (ou os “ex-trabalhadores do futebol”), com raras exceções de alguns craques que tiveram tratamento diferenciado.
    Barros, especialista em Qualidade e Excelência, comentando o reconhecimento mundial pela Qualidade, expõe:
    “Produzir qualidade, pode ser considerada uma ação natural, normal, enfim, óbvia. Pode, também, ser considerada uma obrigação, partindo-se do pressuposto de que ninguém (ser humano normal) deve gostar de fazer algo que não tenha Qualidade. É uma questão de auto-estima. Imagina-se, em princípio, que alguém que produz um produto ou serviço sem Qualidade, assim o faz por desconhecimento ou inabilidade - e não necessariamente porque queira assim fazê-lo.
    Desta forma, fazer com qualidade é uma atitude que enobrece as pessoas, tornando-as felizes, com a agradável sensação de utilidade. No momento em que o clima no trabalho é de satisfação por se estar produzindo com Qualidade, nada melhor para a manutenção deste clima que doses ou porções de reconhecimento. Nada é mais homogêneo do que a mistura fazer Qualidade e ser reconhecido [...] O ato de reconhecer deve ser algo valorizado, com sabor de conquista, na intensidade correta, no momento adequado. Reconhecimento nunca deve constar no manual de procedimentos da empresa, como algo normatizado, impessoal e frio. Deve ser uma atitude voluntária e usual da administração, em “efeito cascata”, que demonstre, uma preocupação constante com a Qualidade” (1996, pag 95-97).
    Esta não é uma prática comum quanto ao reconhecimento no futebol profissional. Geralmente o que vimos em noticiários são clubes com problemas, contratos não cumpridos, dívidas com a Receita Federal e abandono de ex-jogadores de futebol após o encerramento de sua carreira. É discurso corrente socialmente que a maioria dos ex- jogadores de futebol profissional passam necessidades por conta da má administração de seus recursos, o que é responsabilidade dos mesmos. No entanto, uma questão que se impõe tem sido que isto é uma questão social que demanda uma política diferenciada, já que envolve um “mercado de trabalho” e relações sociais de trabalho que dificultam considerá-lo como profissional.
    No que diz respeito ao futebol como uma profissão, fica evidente que não há unanimidade em considerá-lo como tal nas falas dos entrevistados. Coutinho afirmou:
    “Ele é uma profissão, ele é uma profissão como qualquer outra, ele é tão desgastante como qualquer outra, mas, no entanto, ele se beneficia de uma maneira remunerada maior do que qualquer outra, então, eu acho que pra ganhar em termos de esporte mesmo, é Fórmula l e Futebol”.
    Félix entende futebol profissional diferente das outras:
    “Como as outras não, como uma profissão rentável. Bem rentável”.
    Mengálvio afirma que:
    “O futebol é uma profissão desde a minha época, era uma profissão não bem vista [..]”
    Rincón acrescentou uma ressalva na compreensão do futebol como profissão:
    “O futebol é uma profissão, sempre quando se projeta para uma profissão. Se você for um jogador de futebol e termina o futebol e você não projetou nada, não é uma profissão. Então quando você projetá-la, visando parar de jogar um dia e vai ser um técnico de futebol, você se prepara para essa parada, aí é uma profissão. Talvez se você paga um curso de negócios, de gestão, aí vira uma profissão. Se você não faz nada, só quando pára você pensa em fazer outra coisa, aí já não é”.
    A afirmação de Rincón confirma parte dos questionamentos desse estudo, uma vez que a “profissão” de jogador de futebol requer uma estruturação para o momento de seu final como jogador, sendo possível o empreendedorismo, outros formatos de inserção no próprio esporte ou a inserção noutra profissão conforme sua formação acadêmica.
    Nas profissões já consagradas, percebem-se mais do que nunca, as possibilidades de se dar prosseguimento à carreira através de vários tipos de especialização. A profissão de jogador de futebol não proporciona essa opção. Quando muito, pode ser rentável apenas para aqueles que viraram bons técnicos como Zagalo, Wanderlei Luxemburgo, Emerson Leão e outros.
    Pimenta aponta dados importantes para compreensão da amplitude da questão:
    “O futebol aparenta ser um amplo mercado de trabalho para os jovens. No Estado de São Paulo, temos cinco divisões profissionais e, em média, cada divisão tem vinte clubes. Cada clube tem vinte a vinte e cinco profissionais em seu elenco, exceto os grandes clubes, que têm mais de trinta atletas inscritos. Grosso modo, temos aproximadamente de 2.500 a 3.000 atletas profissionais trabalhando no Estado [...] Na prática, a modernização do futebol, ao contrário da perspectiva de um mercado promissor, promoveu o empobrecimento dos clubes de menor porte, a diminuição da qualidade do futebol, o achatamento dos salários dos jogadores, a transferência do processo de formação de atletas de rendimento para empresas privadas e a midiatização do evento esportivo. Isso tudo em curtíssimo prazo” (2006, pag 219).
    Outra observação a ser feita para contextualizar essa questão é que, poucos profissionais de outras áreas ficam disponíveis vinte e quatro horas por dia, fins de semana e até meses, como os jogadores de futebol profissional, que se ausentam das relações familiares e se dedicam exclusivamente ao tabalho. É possível reconhecer os sacrifícios que fazem como decorrência da “profissão”, os riscos que correm, e a contribuição que trazem como modelos de cuidado para com a saúde trazidos pelos benefícios da prática esportiva. É possível reconhecer, também as histórias de mau uso do dinheiro recebido durante sua trajetória como jogador de futebol. É possível verificar histórias de sucesso e ajustamento, bem como histórias de verdadeiras tragédias pessoais e familiares. Estes aspectos nos levam a questionar se esse quadro, de fato, não seja um problema social que mereça uma análise mais aprofundada, e consequentemente, trazendo maiores benefícios para os próprios profissionais e também para que a sociedade possa perceber mudanças no profissionalismo do futebol, requeridas há tanto tempo.
    Trabalhar ou ter uma profissão implica em atuar na principal forma de sobrevivência humana. Embora não sendo a única observam-se, cada vez mais as pessoas buscando outras formas de sobrevivência que independem do trabalho formal. Existem indivíduos prestando serviços a partir de suas residências, tem indivíduos com mais de uma profissão, tem aqueles que são empeendedores e tem aqueles que são especuladores. O que todos querem é o resultado final: a sobrevivência e a satisfação pessoal. Entretanto, o jogador de futebol profissional está sujeito a situações pessoais inusitadas, que muitas vezes perturbam sua atuação, e consequentemente, repercutem como uma mercadoria deficiente, o que implica nos ganhos ou perdas no interesse do capital.
    Pereira em sua tese de doutorado em Psicologia Social comenta a ligação do jogador e dos clubes e compara o futebol como:
    “inevitável tecido da vida no capitalismo avançado e apresenta-se como uma segunda natureza para os que dela fazem parte ou por ela se interessam [...] O que ele (o jogador profissional) não pode é deixar de comprometer o funcionamento da matriz a que pertence e sua capacidade de atuação e valor diante de seus mecanismos articulares [...]” (2008, pag 30).
    Esta simbiose e suas consequentes relações mostram o que Toledo (1996) chama de processo de “esportificação”. Stigger (2002) diz que o futebol não pode ser interpretado somente como um fenômeno esportivo, pois deve ser atribuído também como resultado de industralização da sociedade, da dominação do capital e da ideologia dominante. Esse processo foi caracterizado pela crescente absorção de uma atividade esportiva pelo mercado e sua respectiva institucionalização. Esta situação não impediu de levar o futebol a uma maior popularização, antes, pelo contrário, levou à sua própria legitimação como um esporte de abrangência nacional.
    Com o crescimento das cidades, da industrialização e dos serviços, foram criadas novas possibilidades para aqueles que desejam uma inserção profissional, através de especializações inúmeras, em diferentes categorias. Com esse aumento da população e com o aumento das especializações, houve também um aumento da desigualdade. O jogador de futebol é um profissional que não pode atuar em outra área, porque este segmento não lhe oferece a opção de ter dois empregos, às vezes até de estudar, devido às inúmeras viagens, concentrações e treinamentos. Se o profissional não for preocupado com as questões além de sua vida futebolística, ele se tornará alienado e esta possível alienação poderá lhe trazer dificuldades financeiras e frustrações pessoais que agredirão sua qualidade de vida.
    O futebol em sua escala mais ampla, passou cada vez mais, no decorrer do século XX, no Brasil e em outras partes do mundo, a assumir a forma de “competição”, como uma maneira de reprodução e representação da estrutura capitalista, em que, assim como outros esportes, o futebol – especialmente no que tange a sua esfera “profissional” – passou a ser definido como uma “competição física jogada” (Stigger, 2002).
    Para Stigger (2002), o futebol, como um dos ícones do esporte moderno, terá como características o fato de ser uma atividade secular, que preza pela igualdade, pela especialização, racionalização, burocracia, quantificação e pela busca de uma alta performance – conquistar recordes. Já Toledo (1996) analise que o jogo em si, na sociedade moderna, é caracterizado por uma “isonomia das regras”, isto é, ele parte de um pressuposto em que os jogadores e as equipes partem de uma situação marcada por uma igualdade de condições (no caso do futebol isto se expressa, por exemplo, através do “zero a zero” inicial do placar, e do número igual de jogadores por equipe; são “onze contra onze”), em que no final, de acordo com a performance dos competidores, o resultado final tende a levar a uma assimetria entre os participantes, ou seja, existem os vencedores e os derrotados.
    Neste contexto, o empate é visto sempre como um problema, dificilmente esta ausência de vencedores e derrotados é bem recebida. No caso do futebol, especialmente em momentos decisivos da competição, lança-se mão de artifícios como prorrogação e pênaltis para finalmente definir um vencedor; quando o jogo chega a estes termos, valoriza-se a conquista, e ela passa a ser tratada como um feito épico, uma “batalha” ganha.
    Portanto, nas competições oficiais o “ethos amador” que caracterizava os jogos no início do século, passou com o decorrer do tempo a se inserir dentro da lógica do capital e do trabalho industrial, em que, através da idéia de rendimento e performance, insere-se no jogo cada vez mais o ideal de sucesso e a produção de hierarquias no esporte. Este processo irá marcar também a crescente especialização, racionalização e burocratização dentro dos clubes, em que diversas funções serão criadas (desde o preparador de goleiros, auxiliar-técnico e preparador físico, até dirigentes de futebol, de marketing, entre outros) para tornar o jogo e tudo que o cerca em um grande espetáculo.
    Ainda segundo Stigger (2002), elementos do processo produtivo do capital passaram a determinar as relações no futebol, e passaram a se expressar no próprio corpo do jogador, na medida em que ele passou a ser tratado como uma mercadoria de grande visibilidade e com “data de validade”. Nesta linha, assim que o “capital corporal” do atleta não consiga mais render aquilo que é esperado dele, na maioria dos casos voltará à sua posição de origem, ou seja, de invisibilidade social. Os ex-jogadores, neste ciclo de reprodução do capital, tornam-se “sucata” do sistema de produção de atletas, obrigando a que muitos deles, se encontrem em condições de miserabilidade.
    O Jornal Le Monde Diplomatique Brasil, numa reportagem no mês de junho de 2002[3], aponta que o futebol, além de ser fonte de prazer, de socialização, de aprendizagem de regras e leis e de respeito ao outro, levando a que muitos sociólogos e filósofos não hesitem em atribuir ao futebol qualidades formidáveis – que indiscutivelmente ele possui e que justificam as paixões desencadeadas por esse esporte de um canto a outro do planeta – deve assinalar, no entanto, o que constitui seu paradoxo central: trata-se também de uma indústria baseada num sistema supranacional, capitalista, que é recoberta por um sentimento localista, regionalista e nacionalista, observado pelo referido Jornal:
    “Na realidade, o futebol não é somente um esporte, mas também, e principalmente nas nossas sociedades de mercado, um setor econômico há muito subestimado e que se revela, por ocasião desta Copa do Mundo, um dos principais aparelhos estratégicos capitalistas, pois prepara as pessoas para o “horror econômico” e para a globalização liberal, fazendo-as aceitar a competição, a seleção, a flexibilidade, a precarização e o novo mercenarismo. Indiscutivelmente, admitindo-se que esse esporte-indústria desenvolve no mais alto ponto os dois parâmetros mais odiosos do sistema capitalista. De um lado, uma engrenagem mafiosa que se baseia na busca do lucro máximo (os dirigentes não hesitam em recorrer a empresas off-shore, em paraísos fiscais que servem para lavar dinheiro, corromper, fazer trambiques nos clubes, financiar o doping e controlar sistemas de apostas clandestinas). De outro lado, uma ideologia baseada no princípio do super-homem, da força, da violência, assim como num sentimento nacionalista fortemente localizado (não é só de surpreender que, de um extremo ao outro da Europa, as torcidas organizadas mais duras e violentas defendam explicitamente idéias racistas e se digam de extremadireita)”.
    Teria o futebol um papel na difusão da ideologia da globalização? Para os escritores do Le Monde, sim.
    É justamente sobre o papel do futebol na difusão da ideologia da globalização, sua iconicidade para com o sistema capitalista, os usos sociais perversos da “compra e venda” de corpos que trataremos neste trabalho.
    Neste sentido, no Brasil esta realidade não é diferente. As mesmas práticas capitalistas se impuseram e vêm delineando o desenvolvimento deste esporte. A sociedade brasileira vem espontaneamente cooperando com essas práticas capitalistas, pois, para que as mesmas ocorram, é preciso que se aproximem o máximo possível com os elementos de identidade social, cujo futebol se enquadra.


















    [1] Folha de São Paulo, Esportes-02/06/06, p. 4.
    [2] Extraído da Revista Carta Capital de 13 de Março de 2009, página.

    [3] Extraído do site http://diplo.uol.com.br/imprima337, acessado em 13/03/2009.

domingo, 28 de junho de 2009

Zebra po qual razão?

O Brasil enfrentou os EUA no estádio Ellis Park neste domingo, com um jogo emocionante e com uma incrível virada de resultado na partida da edição 2009 da Copa das Confederações, em que o Brasil saiu de desvantagem de dois gols para fazer 3 a 2 nos Estados Unidos e assim conquistar o torneio da Fifa pela terceira vez na história.
Os norte-americanos abriram vantagem antes do intervalo, mas o que me incomoda muito é que houvimos por vários comentaristas que os EUA, eram a zebra deste torneio. Zebra por qual razão? Será que eles mereciam serem assim considerados?
Zebra é uma gíria comum no futebol para justificar um resultado inesperado, como, por exemplo, a vitória de uma equipe fraca sobre outra considerada superior. Será que a equipe dos EUA éra fraca? Pelo menos não foi o que eu vi.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Um Novo PIB

"Um 'novo PIB' em gestação" - Jornal Estado de S.Paulo
Publicado em: 15/05/2009 - 17:08


Especialistas buscam uma reformulação da medida de riqueza que leve em conta ambiente e qualidade de vidaAndrea Vialli
Após anos de críticas à forma usada para medir o Produto Interno Bruto (PIB), organismos internacionais devem receber no próximo mês um relatório com sugestões para mudar os parâmetros de cálculo do desempenho econômico dos países. Em época de crise financeira e desaceleração da economia no mundo, a proposta é elaborar um indicador que, além de somar a atividade econômica, considere as condições de vida da população e índices relacionados a sustentabilidade e preservação de recursos naturais.
"A crise colocou em xeque muitos conceitos, entre eles o de que crescimento econômico se traduz em bem-estar", avalia Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos.
Uma das ideias de revisão do PIB está em andamento desde meados do ano passado. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, encomendou a um grupo de 27 renomados especialistas, entre eles os ganhadores do prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz (2001) e Amartya Sen (1998), uma reforma da métrica. Matemáticos, estatísticos, economistas ambientais e estudiosos da pobreza reforçam o time, que ficou conhecido como Comissão Stiglitz-Sen.
A comissão trabalha em três frentes. Uma delas busca atualizar o PIB padrão, de modo que a medida se torne mais abrangente e mais relevante para os formuladores de políticas públicas. Outra tenta incorporar novas medidas de sustentabilidade ambiental aos dados e, assim, mensurar o impacto da economia sobre os ecossistemas. Por último, o grupo trabalha na criação de novos indicadores para avaliar qualidade de vida e bem-estar.
As críticas ao PIB remontam à década de 1960 e, pela primeira vez desde o pós-guerra, ganha força a proposta de medir o progresso econômico em novas bases. O relatório que está sendo preparado deve ser entregue à Organização das Nações Unidas (ONU) e outros organismos internacionais, como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Vai ser uma nova forma de fazer a contabilidade das nações, que permitirá que os resultados do desempenho econômico sejam medidos de uma maneira melhor que a atual. O PIB que conhecemos é precário", afirma José Eli da Veiga, professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e autor do livro Desenvolvimento Sustentável - O Desafio do Século XXI.
MODELO ULTRAPASSADO
As críticas ao PIB como medida do crescimento econômico existem desde que ele passou a ser amplamente utilizado pelos países, no Pós-Guerra. Um de seus formuladores, o economista Simon Kuznets, chegou a admitir as limitações da métrica na década de 1970.
Em 2004, um encontro internacional de estatísticos organizado pela OCDE lançou as bases para que o movimento anti-PIB, hoje conhecido como Beyound GDP (Além do PIB, em inglês) se disseminasse pelo mundo e culminasse no pedido de Sarkozy aos economistas.
"A discussão é irreversível e palpável porque é preciso encontrar instrumentos mais eficientes para medir o progresso e o nível de bem-estar dos países, que levem em consideração temas urgentes como saúde, pobreza, mudanças climáticas e a dilapidação dos recursos naturais", avalia Young, do Instituto Ethos.
A economista americana Hazel Henderson levantou críticas ao modelo do PIB há pelo menos 20 anos. Segundo ela, o critério da riqueza per capita disfarça as desigualdades vigentes - pois a métrica do PIB apenas soma o resultado da atividade econômica sem levar em conta as chamadas externalidades - os custos social e ambiental envolvidos na produção da riqueza por um país.
Um exemplo claro do que fala Henderson é o caso das grandes catástrofes e desastres ambientais: hoje, eles acabam sendo positivos para o crescimento do PIB, porque a reconstrução das regiões afetadas por tais eventos extremos movimenta o setor de serviços e, consequentemente, gera empregos.
Outro exemplo é a natureza do negócio. Uma mineradora pode contribuir para o PIB com a extração de minério, mesmo às custas da degradação dos recursos naturais, o que pode comprometer para sempre uma cidade e as pessoas que vivem ali. Além disso, o PIB só contabiliza o fluxo de mercadorias, e não os estoques de bens já produzidos.
Além da França, o Reino Unido também reforçou o coro sobre a necessidade de uma nova métrica. No entanto, ainda deve levar algum tempo para que esses novos parâmetros sejam assimilados e adotados como padrão. "É muito difícil prever. A ONU terá de assumir a elaboração dos indicadores. A expectativa é de que o relatório da Comissão Stiglitz-Sen desencadeie um processo nas organizações internacionais", explica Veiga.
QUEM É QUEM NA ECONOMIA SUSTENTÁVEL
Nicholas Georgescu-Roegen: Economista romeno (1906-1994), ficou conhecido por aplicar à economia o conceito da entropia, emprestado da termodinâmica. No livro A Lei da Entropia e o Processo Econômico, de 1971, Georgescu-Roegen mostrou que o sistema econômico não era um motoperpétuo, que alimenta a si mesmo de forma circular, sem perdas, e sim um sistema que transforma recursos naturais em rejeitos que não podem mais ser utilizados
E.F.Schumacher: Economista britânico (1911-1977), publicou em 1973 o livro Small is Beautiful, no qual chama a atenção para os perigos do crescimento acima das possibilidades de regeneração. Entusiasta da energia limpa, alertou a Europa sobre os riscos da dependência dos combustíveis fósseis
Herman Daly: Economista e ecólogo americano, professor da Universidade de Maryland. Defende a teoria do Estado Estacionário, em que o crescimento econômico exponencial deve ser suplantado pela qualidade do desenvolvimento.

Susan Andrews, Psicóloga e Antropóloga, que emocionou o público numa palestra, no lançamento do IRBEM, em São Paulo, falou sobre o expressivo aumento de estudos para entender o que traz felicidade para as pessoas e sobre a busca de outras nações, como o Butão, o Canadá e a Inglaterra, para implantar políticas públicas que atendam a esse propósito. Susan comentou que recentes estudos científicos concluíram que o que mais impacta a felicidade das pessoas é a relação afetiva e de amizade com as outras pessoas - o “companheirismo impacta mais no bem-estar do que a renda”.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A crise globalizada da incerteza

A crise decorre do fato da velocidade com que se processa o progresso da humanidade em todos os setores de atividades, como um turbilhão à nossa volta, de maneira que, fixos num fulcro, em um lapso monstruoso do tempo, vivemos num vislumbre de tempo que, anormal, se nos antecipa o futuro, deixando ele próprio, o futuro, de ser algo para a frente nos acontecimentos tão turbilhonantes que nos furta nosso próprio sentido de realidade. Não há tempo útil, qualquer ação perde o sentido de realidade como a recebemos, e todas as coisas e acontecimentos passam ao nível puro e simples do meramente acidental. Não sabemos se já se não fez pretérito o tempo por faze-lo, e angustiados, ansiosos perderemos o sentido de nós mesmos, da segurança da nossa personalidade no tempo, nos nos perdemos, não temos consciência de nós mesmos no presente, tão pouco no passado, porque nos deslocamos voluntária, sem consciência, nos subsidiariamente nos colocamos no lilmiar da eternidade, esse olho parado da quimera mitológica que nos fita incessante, sem sentido, sem princípio, sem fim, sem compreensão.

Assim, angustiados, encontramo-nos no bojo da crise, toda espécie vive essa situação de plena singularidade. A crise, o primeiro estágio apercebido, não nos proporciona o sabermos o interregno do que não se conhece, do que ainda nunca se teve notícia, algo para comparações elucidativas, para orientação; esbarraremos talvez nos limites finitos espaço.

Curiosamente percebe-se perigo latente em tudo, não desparecimento e morte, física destruição final, o que seria simples definir, o mundo não está cotizando somente os prejuizos financeiros e enfermidades globalizadas, está também cotizando a dor da incerteza.

Nova liderança evangélica

Ainda não se prestigiou devidamente a germinação de uma Escolástica Evangélica "genuina" para a formação pastoral, em que seminaristas, academizados, se presumam candidatos morais, espiritual e intelectualmente preparados à correta substituição dos líderes. Continua-se, todavia, a permitir, na especificidade causal das chamadas Igrejas Pentescotais, que homens sem culturalidade geral humanística, e não menos evangélica, bíblica, apontados de forma incorreta para as situações de liderança, estabeleçam um status, forma, modus vivendi original. Fomentam uma subculturaralidade bíblico evangélica anormalíssima e, através de uma literatura de supina repetividade, formam os substratuns de um numero crescente de na falsa ortodoxia religiosa, lhes sustentem os presupostos para a perpetuação no poder de legislar e doutrinar, através da coesão dessa massa de indivíduos induzidos a crer na capacidade e sinceridade absoluta de seus proselitistas.

Há sem dúvidas, os letrados, mas estes mesmos, experimentados nas lides da mistificação, postos vigilantes para que, advindo algum novo prosélito interessado no verdadeiro evolucionismo da obra, apercebido, não lhes venha a frustrar as intenções do domínio, através do desconhecimento oportuno.

O Brasil certamente se apresenta como Celeiro de bons homens para colheita, os quais, armazenados como grãos, comumente assistem imposições de mãos de líderes na cabeça de pessoas erradas e despreparadas, sem temor e sem coração.

Os efeitos da verdade

Os efeitos de verdade aos quais estamos submetidos podem influenciar, mas nunca poderão anular a realidade exterior, com suas imposições que interferem em nossa vida em todos os sentidos, Chego a pensar: se a determinação é no nível em que Foucault coloca não ajo, sou ajido", então estamos todos redimidos de qualquer responsabilidade?... Onde chegaremos? Temos que apenas entender que tudo está como está, tudo está aí para ser “visitado”, mas que nada há para ser feito? Cessou de fato a esperança? A grande crise do pós-modernismo é a retirada de “tudo” sem a possibilidade de “colocar algo estável no lugar”, e o que é estabilidade e qual é o seu modelo?.Não olhem para o norte!

Temo que se ao estarmos aprofundando os refenciais pós-modernos, (muitos até com certo ufanismo, como se tivessem finalmente tivessem descoberto a “verdade” a respeito de si mesmos e da sociedade), não estaríamos contribuindo para levar de fato a humanidade a um desencantamento completo. A principal questão que fica é saber se há condições de conhecimento da verdade, e isso, penso que só pode ser respondido a nível filosófico ou a nível religioso. Outra, (bem “moderna”, por sinal) é saber se este desencantamento é “melhor” do que o encantamento utópico que tínhamos antes.

Abraços,
Wilson Araujo